Culpa da China
Hoje enfrentamos mais um pregão sangrento para os mercados, com a Bolsa já na casa dos 45 mil pontos (ou “ainda”).
Depois de um calote corporativo na China na semana passada, o foco de lá passa da bolha de crédito para a balança comercial: as exportações chinesas caíram 18% em fevereiro (contra fevereiro do ano passado), enquanto as importações subiram 10%, jogando os holofotes sobre os riscos de déficit comercial.
Nós, que somos derivadas de China, pagamos via derretimento das ações de mineradoras e siderúrgicas, que caem sem distinção.
Gangorra
Sobe com o dólar, cai com a perspectiva de queda nos preços das commodities. Fibria (FIBR3), Gerdau (GGBR4) e Vale (VALE5) são apenas algumas das ações que convivem com esse dilema.
Chamando atenção para a última, a ação da Vale virou uma derivada do preço do (ou, das apostas para o preço) do minério de ferro no mercado à vista no mercado chinês. O mercado pondera apenas esse fator preço do minério, e ignora qualquer outro gatilho (como resultados apresentados, dólar) ou lastro de valor (5x lucros, mais de 6% de dividendos??).
Fundamentos da empresa à parte, importa meramente a perspectiva macro do minério de ferro em queda. É como se Vale e MMX fossem rigorosamente a mesma coisa.
Aquela saudade...
Nesse momento complicado para o setor, quando penso nas ações de metals & minings, tenho uma saudaaaade das incorporadoras imobiliárias...
E vice-versa.
O melhor pior do mundo
Na outra ponta, dentre as poucas ações do Ibovespa que sobem no momento que escrevo, destaque para a Marfrig (MRFG3), que soltou resultados referentes ao quarto trimestre no domingo.
A companhia destacou o cumprimento de metas e o fato de o quarto trimestre ser seu “melhor trimestre do ano”.
Bom, mesmo no trimestre que sazonalmente é o mais forte do ano, Marfrig queimou cerca de R$ 400 milhões de caixa e entregou outro prejuízo, R$ 83 milhões.
Se esse foi o melhor resultado do ano da empresa, fico imaginando como foi o pior.
A ressurreição dos FIIs?
Nessa tragédia das ações, ainda bem que a nova fórmula da nossa carteira dá o devido peso a ações na alocação global do seu patrimônio. Se o prognóstico para a Bolsa vai de mal a pior, porque não ficar de fora e esperar as ações ficarem mais baratas?
Pode parecer um tanto elementar, meu caro Watson, mas aposto que você não verá uma carteira de recomendações de corretora mandando ficar longe da Bolsa.
Por incrível que possa parecer, no meio do alarde da bolha imobiliária os fundos imobiliários saem do armário. Depois de subir 3,7% em fevereiro, o IFIX acumula leve alta nos poucos pregões de março (em que o Ibovespa acumula queda de 3,6%), e vem de uma sequência de 15 altas seguidas até o dia 6 de março. O BC Fund, um de nossos fundos imobiliários preferidos, também vem em recuperação desde o meio de fevereiro, com alta de mais de 10%.
Quem vai pagar a conta? (Continuação)
No M5M anterior conversamos sobre o crecimento exponencial da conta das térmicas e sobre o dilema de quem iria bancar: “esse ano a conta está crescendo, mas o Mantega não sinalizou nada, e até então ninguém sabe quem vai pagar”.
Dito, feito.
Na sexta à noite o governo anunciou uma solução provisória para o problema: serão repassados às distribuidoras R$ 1,2 bilhões em recursos do CDE (Conta do Desenvolvimento Energético), referente aos gastos de janeiro.
Esse é um outro dilema relevante que deparamos nesta fauna atual dos mercados. As distribuidoras estão em um setor regulado. Elas têm uma receita pré-definida, mas não têm custos pré-definidos. Portanto, têm direito ao repasse por tratar-se de um custo não gerenciável, que foge ao seu controle.
No fundo sempre soubemos quem iria pagar a conta.
A de janeiro já foi acertada. Mas a solução para os próximos meses continua aberta.
A grande carta na manga do governo (?)
O noticiário de hoje destaca que a Anatel pode obrigar as companhias que participarem do leilão de bandas de celular 4G de bancarem o investimento à vista, para ajudar na meta fiscal.
Lembrando que a meta fiscal, que ainda não incorpora a conta das térmicas, duplicou a receita esperada com o leilão de 4G, de R$ 6 bilhões para R$ 12 bilhões.
Gostaria de saber:
1) tratando-se de um montantes de porte, qual companhia do setor de telecom tem bala na agulha para bancar a investimento à vista?
2) quem se sentiria estimulada a participar do leilão sob condições tão “incentivadoras”;
3) aonde foi parar a independência da Anatel, que em tese é uma autarquia.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.